COMO ME DEIXO AFETAR PELA ESCUTA?
QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS E VALORES QUE DIRECIONAM A MINHA ESCUTA?
CONSIGO ABRIR MÃO DOS MEUS VALORES E ATITUDES PARA ESCUTAR O OUTRO?
É POSSÍVEL FAZER UM MOVIMENTO PARA TENTAR SENTIR COMO O OUTRO ESTÁ SENTINDO?
PREOCUPO-ME COM O NÃO CONSTRANGIMENTO E BEM ESTAR DO OUTRO QUANDO ESTOU OUVINDO?
CONSIDERO O TEMPO DO OUTRO?
ESCUTA - OUVIR COM ATENÇÃO
· A ESCUTA NOS REMETE AO CONCEITO DE SUBJETIVIDADE
· SUBJETIVIDADE - Que está somente no sujeito, no eu; pessoal, individual”
· OUVIR COM ATENÇAO SOBRE A MANEIRA PECULIAR DE COMO UMA VIOLENCIA MARCOU O MODO DE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE SE EXPRESSAR COMO SUJEITO HUMANO NO MUNDO
· CADA UM DE NÓS TEM UMA MANEIRA PARTICULAR DE SIGNIFICAR UMA EXPERIENCIA DOLOROSA E DE REAGIR A ELA
ATRAVESSAMENTOS NA ESCUTA
O leque das diversidades deve incluir diferenças de regiões e de territórios, de gênero, de orientação sexual e de condição social. Dessa forma, antes de proceder à escuta de uma criança e ou de um adolescente vítima ou testemunha de violência sexual, os profissionais devem buscar compreender o universo simbólico presente no imaginário dessa mesma criança e desse mesmo adolescente. Um mesmo ato pode ser entendido por uma criança entre três e sete anos diferentemente do que para um ou uma adolescente. Esse mesmo ato pode ser compreendido diferentemente por um menino e por uma menina, ou por uma criança de classe média e outra das camadas populares, ou ainda entre uma criança urbana e outra rural, ou ainda entre uma criança indígena e uma não indígena.
ACOLHIMENTO DA DEMANDA
Deixar a pessoa à vontade para colocar suas questões singulares, buscando proporcionar um ambiente acolhedor e possibilitador da emergência da realidade pessoal daquela que busca o atendimento. OBSERVAÇÃO Não é momento de perguntar tudo, nem de dizer tudo e nem de encaminhar para todos os lugares da rede. O atendimento deve ser HUMANIZADO E AS INTERVENÇÕES DEVEM SER PLANEJADAS JUNTO.
ESCUTA ATIVA E SENSÍVEL
Escuta estabelecida, no ato do acolhimento da demanda dos sujeitos, que os levam à reflexão crítica sobre as questões singulares que apresenta, podendo estas virem a ser redimensionadas, ou até mesmo levantar demandas outras.
ESCUTAR DE FORMA ATIVA SIGNIFICA ATENDER COM RESPEITO À OUTRA PESSOA
Não existe escuta ativa quando dentro de um diálogo não há uma abertura para com o outro, ou seja, não há uma atenção plena sobre o que a outra pessoa deseja expressar.
BENEFÍCIOS DA ESCUTA EMPÁTICA
· Constrói confiança e respeito entre os envolvidos;
· Permite que as partes liberem suas emoções e reduzam tensões;
· Encoraja a revelação de informações;
· Cria um ambiente seguro e propício para a resolução de problemas.
A ESCUTA HUMANIZADA ... ...NÃO CONSTRANGE E NÃO REVITIMIZA.
Revitimizar é... recorrer ao trauma causando um impacto negativo ao desenvolvimento da criança.
TODA VEZ QUE UMA CRIANÇA OU UM ADOLESCENTE SÃO REQUISITADOS A FALAR SOBRE UMA EXPERIENCIA TRAUMÁTICA E, POR SEGUIDAS VEZES, A RELATAR AS CIRCUNSTANCIAS DO ATO EM SI, INFLIGIMOS A ELES SOFRIMENTO EMOCIONAL E PSÍQUICO.
ATITUDES POSITIVAS
Garantir o direito à individualidade e à singularidade de cada família e de cada vítima.
Ouvir, atenta e exclusivamente, a criança ou o adolescente. Evitar interrupções, para não fragmentar todo o processo de confiança adquirido. Se necessário, primeiramente, conversar sobre assuntos diversos, podendo contar com o apoio de jogos, de desenhos, de livros e de outros recursos lúdicos.
Demonstrar segurança durante o atendimento, a fim de fortalecer a confiança.
Evitar que a ansiedade ou a curiosidade do profissional leve-o a pressionar o paciente ou sua família para obter informações. Procurar não perguntar diretamente os detalhes da violência sofrida.
Permitir que a criança ou o adolescente se expressem com suas próprias palavras, respeitando seus ritmos.
Utilizar linguagem simples e clara para que a criança ou o adolescente entendam o que está sendo dito.
Confirmar com a criança ou com o adolescente se você, como profissional, está, de fato, compreendendo o que eles estão relatando.
Expressar apoio e solidariedade por meio do contato físico com a criança ou com o adolescente apenas se eles assim o permitirem.
Analisar, sempre em equipe, as soluções possíveis para as situações de violências suspeitas ou confirmadas. A tomada de decisão das medidas de proteção a serem adotadas em cada caso deve ser sempre em conjunto, apoiada em evidências, após prestar acolhimento e atendimento.
Após a etapa de acolhimento, cabe ao profissional buscar entender, perante as famílias, suas expectativas com relação ao atendimento e esclarecer as intervenções ante a criança, o adolescente e a família, quais medidas protetivas devem ser tomadas, qual articulação com a rede será necessária e quais serviços socioassistenciais serão acionados.
ÉTICA NA ESCUTA
CONTEXTUALIDADE – a escuta deve estar inserida dentro de uma análise contextual que compreende os fatores individuais, familiares, socioeconômicos e culturais presentes na situação.
PROTEÇAO INTEGRAL - a escuta deve se pautar pelas normativas que asseguram os direitos da criança e do adolescente.
COMPLETUDE - a escuta não poderá se pautar apenas pela produção de provas, mas pela promoção de cidadania e pela garantia do acesso às políticas públicas.
ÉTICA PROFISSIONAL - nossa ética profissional frente a nossa relação com pessoas em fase peculiar do desenvolvimento.
IMPARCIALIDADE - DESAFIADORA
APERFEIÇOAMENTO deve ser CONTÍNUO
Considerando que os vínculos de confiança e segurança mais importantes das crianças e adolescentes foram desrespeitados e quebrados quando sofrem violências, torna-se fundamental que possamos abrir espaço para que eles possam reconstruir a capacidade de confiar e se sentirem seguros com o profissional e no espaço institucional.
Tempo e Espaço são elementos essenciais no acolhimento da vítima, que na maioria dos casos, traz consigo dor, vergonha nojo e culpa.
O vínculo de confiança é um fator importante para que consigamos identificar a demanda real para o acompanhamento institucional. Demanda aqui diferencia-se da queixa inicial. Muitas vezes, a demanda está para além da queixa inicial. A queixa inicial pode encobrir uma situação real e verdadeira.
O direito a uma escuta especializada sempre deve ser garantido à criança e ao adolescente, para que possam movimentar-se e saírem do lugar de vítimas.
A escuta sensível abre possibilidades para trazer novos significados à vida, buscar sentidos que possam ajudar na elaboração do que sofreram. Nós, como terceiros nessa relação, podemos desconstruir com eles o que até então era uma verdade anuladora. E ainda, proporcionar a construção de novas verdades, amparadas na lei da inviolabilidade da integridade física e psíquica e do respeito ao próximo.
Cristiane Neves Pereira
Psicóloga/Psicopedagoga
Coordenadora do Projeto Tecendo Redes na Primeira Infância
Uma realização do Movimento de Mulheres em São Gonçalo @movimentodemulheres_sg em parceria com a Petrobras @petrobras
#petrobrassocioambiental #movimentodemulheres #tecendoredesnaprimeirainfancia
O programa de enfrentamento às violências domésticas e sexuais
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