Projeto “JP Vive” inaugura sede e homenageia o menino João Pedro
- charodri
- 17 de out.
- 5 min de leitura
Cerca de 50 pessoas participaram da cerimônia em Itaoca, no Complexo do Salgueiro

Marisa Chaves (com banner) ladeada pelos pais do menino João Pedro e participantes durante cerimônia em Itaoca (SG)
Foto: ASCOM/MMSG
Cerca de 50 pessoas participaram, na manhã de quinta-feira (16/10), da inauguração da sede do Projeto “João Pedro Vive” (JP Vive), em Itaoca, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. A iniciativa homenageia o menino João Pedro Matos Pinto, morto em 2020 durante uma operação policial na região.
Realizado pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), em parceria com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), o projeto terá duração inicial de 12 meses e propõe ações voltadas à promoção da equidade de gênero e raça entre crianças e adolescentes, além de incentivar a inclusão social e cultural com políticas antirracistas e afirmativas nas comunidades periféricas do município.
Antigo posto de saúde reformado abrigará atividades culturais e recreativas

Selma e Edivaldo receberam moção de agradecimento e falaram da história deles em Itaoca e a relevância do projeto JP
Foto: ASCOM/MMSG
O espaço que abriga o projeto foi instalado em um antigo posto de saúde desativado, há cerca de 20 anos, com aproximadamente 10 metros quadrados. A sede tem duas salas, um banheiro, uma despensa e uma pequena área externa para reuniões. A propriedade pertence ao casal de aposentados Edivaldo e Selma Cardozo, que cederam o espaço gratuitamente.
"Moramos em Itaoca por 36 anos. Esse posto estava desativado e precisava de uma reforma. Conhecemos a comunidade e sabemos da realidade dos moradores. Esse projeto será fundamental para as crianças e adolescentes desse território que tanto amamos", disse Edvaldo Cardozo, de 77 anos, que já atuou como presidente da associação de moradores de Itaoca.
Promoção de equidade de gênero e raça entre crianças e adolescentes
O local foi revitalizado para receber as diversas atividades. Serão oferecidos atendimentos assistenciais, oficinas de empreendedorismo, roda de conversa, cursos variados e atividades recreativas e culturais. A equipe técnica será composta pela assistente social Luciana Vasconcellos e os educadores Emanuelle Cristine e Aureo Muller.
"O projeto tem como objetivo promover a equidade de gênero e raça entre crianças e adolescentes, incentivar a inclusão social e cultural, fortalecer os vínculos comunitários e contribuir para a implementação de ações e políticas antirracistas e afirmativas nos bairros periféricos de São Gonçalo", disse Luciana Vasconcellos.
Antes da inauguração, a equipe técnica do Projeto JP Vive já vinha realizando rodas de conversa e oficinas sobre letramento racial na Escola Estadual Municipalizada Salgado Filho e no Ciep Carlos Marighella, ambas localizadas próximas à nova sede, em Itaoca.
Homenagem à família
Durante a cerimônia, conduzida pela gestora e coordenadora do MMSG, Marisa Chaves, os pais do menino João Pedro (Neilton da Costa Pinto e Rafaela Matos Pinto) foram homenageados com uma moção de aplausos após descerrarem a arte, feita pelo grafiteiro Gláucio Vênus, com uma linda imagem do estudante na fachada interna da sede.

Marisa Chaves, Rafaela e Neilton Pinto em frente à imagem de João Pedro feita em arte de grafite na sede do projeto JPV
Foto: ASCOM/MMSG
O evento contou com presença da coordenadora do ‘CEDAE Por Elas’, Verônica Cristina, acompanhada da psicóloga da empresa Maria Gabriela Marques, além da diretora executiva do MMSG, Oscarina Siqueira, e representantes de instituições públicas e privadas, militantes de direitos humanos e integrantes de projetos sociais.
‘Projeto simboliza resistência e esperança’
A gestora do MMSG Marisa Chaves destacou que o projeto simboliza resistência e esperança.
“O que nos move é a indignação. Não vamos nos calar. Lutaremos incansavelmente contra as violações dos direitos das nossas crianças e o genocídio de nossos adolescentes e jovens das periferias. O projeto JP Vive é mais do que uma homenagem. É um espaço de luta, afeto e reconstrução. Esse projeto simboliza resistência e esperança. Aqui, transformaremos a dor em mobilização social e reafirmamos nosso compromisso com a vida, a justiça e os direitos das crianças e adolescentes de São Gonçalo”, disse, emocionada, Chaves, que agradeceu o apoio da CEDAE, das instituições componentes da rede de proteção e da equipe do ‘JP Vive’.

Os pais do menino João Pedro receberam uma moção de aplausos pela luta contra às violações de direitos das crianças
Foto: ASCOM/MMSG
‘Falar de João Pedro é falar de sonhos’
A professora Rafaela Matos Pinto, 42 anos, fez um discurso emocionado ao agradecer a homenagem ao filho João Pedro e mostrou entusiasmo ao falar do ‘Projeto JP Vive’.
“Nossa luta é dura. Lutamos por justiça, reparação e memória do João Pedro. Infelizmente, o Estado que deveria zelar pela vida dele, foi quem a tirou. Por isso, quando falamos do João Pedro, falamos de sonhos. Além da memória, esse projeto dará oportunidade de outros adolescentes e jovens realizarem seus sonhos. O João gostava muito de estudar e o JP Vive trará educação e cultura para as nossas crianças”, destacou Rafaela.
Já Nelton Pinto ressaltou a importância dos pais acompanharem seus filhos na caminhada por um futuro melhor.
“Esse projeto é mais uma oportunidade para incentivar essa garotada a estudar. Eu instruía o João Pedro e ele estava correspondendo às minhas expectativas, pois dizia que queria ser formar em Direito. Que os pais também entendam e acompanhem seus filhos em seus sonhos”, disse o pai do estudante.

Psicóloga Patrícia Muniz, coordenadora do Projeto CEDAE por Elas Verônica Cristina e MC Draco participaram da cerimônia
Foto: ASCOM/MMSG
‘Reprogramar diante dos desafios’
Para a coordenadora da CEDAE, Verônica Cristina, o projeto ‘JP Vive’ representa uma vitória das instituições parceiras frente aos desafios de atuação em territórios conflagrados.
“É um enorme prazer fazer parte de um projeto como o ‘JP Vive’, pois percebemos, que, trabalhamos com instituições fortes, como o MMSG, capazes de sempre se reprogramar diante dos desafios. Essa parceria será muito além do apoio financeiro. Estaremos juntos apoiando diversas ações nesses territórios ”, reiterou Cristina.
Manifesto antirracista e apresentações artísticas
Durante a cerimônia, a psicóloga Patrícia Muniz, integrante do Projeto Vozes Periféricas, que atende mulheres em vulnerabilidade no Complexo do Salgueiro leu um manifesto antirracista em combate ao preconceito racial e à promoção da igualdade.
O evento contou também com apresentações artísticas do MC Draco, que fez uma performance Freestyle (rap improvisado) em homenagem ao João Pedro, e do flautista Nilis Caetano, de 16 anos, componente da Orquestra da Grota (Niterói), que tocou 'Anunciação' de Alceu Valença. Ao final da cerimônia, foi servido um coquetel aos participantes.
Desde 1989, em defesa dos Direitos Humanos
O MMSG é entidade da sociedade civil, que atua sem fins lucrativos, fundada há 36 anos (1989), cuja missão é enfrentar todas as formas de preconceitos e discriminações de gênero, raça/etnia, orientação sexual, credo, classe social e aspectos geracionais. A instituição trabalha em defesa dos direitos de crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosas, em especial, àquelas que são vítimas de diversas formas de violências, seja no âmbito doméstico ou extrafamiliar, ou que estejam vivendo com HIV/AIDS.
Em caso de ajuda, o MMSG disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, no endereço abaixo:
MMSG (SG) - Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)




Comentários