MMSG realiza roda de conversa com alunos de medicina da UFF
- charodri
- 5 de nov.
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Encontro na sede do MMSG abordou atendimento humanizado, integralidade e políticas públicas nas áreas da Saúde e Assistência Social

Evento reuniu universitários, diretoras e integrantes de projetos do Movimento de Mulheres na sede da instituição em SG
Foto: ASCOM/MMSG
O Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG) recebeu, na terça-feira (04/11), estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) para uma roda de conversa em sua sede, no bairro Zé Garoto.
A atividade integrou uma cooperação técnica entre a UFF e o MMSG, voltada à troca de experiências entre alunos de Medicina, integrantes de projetos sociais e usuárias da instituição gonçalense. O objetivo é estimular a reflexão sobre práticas de atendimento humanizado e a proposição de políticas públicas voltadas à saúde e assistência social.
A gestora e coordenadora do MMSG, Marisa Chaves, mediou o encontro e apresentou a trajetória e os projetos da instituição, que há 36 anos atua na defesa dos Direitos Humanos e no enfrentamento a todas as formas de violências.
“Priorizamos ações voltadas à prevenção e ao enfrentamento das violências, à liberdade no campo dos direitos sexuais e reprodutivos e à superação de preconceitos e discriminações. É fundamental que o atendimento médico também seja humanizado”, ressaltou Marisa.

Durante o encontro, a gestora Marisa Chaves (fundo) mediou o encontro e apresentou a trajetória e os projetos do MMSG
Foto: ASCOM/MMSG
Diálogo sobre o olhar integral no cuidado com as pessoas
Durante a roda de conversa, estudantes e profissionais dialogaram sobre o papel do olhar integral no cuidado com as pessoas, especialmente nos atendimentos primários.
“Espero que vocês sejam profissionais que enxerguem o paciente de forma integral. Tenham uma escuta sensível e evitem o julgamento, pois quem julga o outro está fadado ao fracasso”, destacou Marisa.
Desenvolvimento de olhar humano e preparado para prática profissional
A professora Manuelle Matias, do Instituto de Saúde Coletiva da UFF, reforçou a importância da integralidade na formação médica:
“Quando os alunos escutam relatos reais sobre situações de violência, percebem os ciclos que muitas vezes passam despercebidos. Isso os ajuda a desenvolver um olhar mais humano e preparado para a prática profissional”, reitera a professora.

Alunos de medicina da UFF ouviram experiências e debateram sobre casos de violências domésticas e obstétricas em SG
Foto: ASCOM/MMSG
Estudantes ficaram impactados com depoimentos
Os estudantes Caio Passarelles, de 20 anos, e Sekinat Olergbenyo, que é natural da Nigéria, também relataram o impacto do encontro. Segundo eles, ouvir experiências reais contribui para compreender melhor as situações que enfrentarão na vida profissional e desenvolver sensibilidade diante das violências.
“Ouvir de perto histórias reais de mulheres que enfrentaram violências nos faz refletir e entender, na prática, o que aprendemos em sala. Essa experiência vai nos acompanhar por toda a formação e nos ajudar a atender com mais sensibilidade”, disse o estudante Caio Passarelles
Já a nigeriana Sekinat Olergbenyo acredita que esses intercâmbios ajudam os estudantes de medicina identificarem padrões para os atendimentos humanizados.
“Essas conversas nos ajudam a identificar padrões e compreender o que os pacientes realmente precisam. É um aprendizado sobre olhar o ser humano de forma integral e com empatia”, ressaltou a universitária.
Diretoras do MMSG falaram de suas experiências com as violências
O encontro contou ainda com a participação especial das diretoras do MMSG Fátima Cidade, que falou sobre o combate à violência obstétrica, e Rosângela Sá, sobrevivente de uma tentativa de feminicídio em 2009, quando teve mais de 65% do corpo queimado.
“Passei por muitas dificuldades e nem sempre encontrei acolhimento. Hoje, posso ajudar outras mulheres e mostrar que é possível recomeçar. Minhas marcas são de uma guerra que eu entrei e venci”, afirmou Rosângela.
"Me dedico, atualmente, ao combate à violência obstétrica, pois sempre foi uma violência velada, ‘blindada’ dentro dos espaços públicos, dentro das instituições, e, muitas das vezes, minimizadas e colocadas como uma ação menor, mesmo sendo extremamente grave”, explica Fátima.
MMSG: referência na defesa dos Direitos Humanos
Desde 1989, o MMSG atua como referência em defesa dos direitos de mulheres, crianças, adolescentes, jovens e idosas, com foco em vítimas de violência doméstica ou outras violações. A instituição é reconhecida por sua atuação em rede e pelas parcerias com órgãos públicos e entidades nacionais e internacionais — como as prefeituras de São Gonçalo e Niterói, Fundação para Infância e Adolescência (FIA), Ministérios da Saúde e das Mulheres, CEDIM-RJ, Instituto Profarma e Petrobras, que atualmente apoia o Projeto NEACA Tecendo Redes, com núcleos em São Gonçalo, Itaboraí e Duque de Caxias.
Denuncie! Violência contra a mulher não tem desculpa — tem lei. Ligue 180.
Em caso de ajuda, o MMSG atende de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, em sua sede, no Zé Garoto, São Gonçalo.
MMSG (São Gonçalo) – Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto
(21) 2606-5003 / (21) 98464-2179




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