MMSG celebra o Dia Internacional da mulher indígena e originária
- charodri
- há 5 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 13 horas
O Movimento de Mulheres em São Gonçalo homenageia todas as mulheres originárias no Brasil e exterior

Assistente social Yasmin Gimenes e sua mãe Mônica de Mello são mulheres indígenas em retomada que vivem na cidade
Foto: ASCOM/NEACA TR/Hitalo Chaves
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher Indígena, neste 5 de setembro, o Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG) homenageia todas as mulheres originárias, no Brasil e exterior, por desempenharem um papel essencial na preservação de suas culturas, línguas e tradições milenares.
Muitas delas, ‘invisibilizadas’, moradoras das cidades, atuam em diferentes frentes profissionais, mas vivem o processo de retomada às suas origens e continuam na linha de frente em defesa dos povos originários, cujas terras e modos de vida, em vários pontos do Brasil, estão sob constante ameaça.
Nossa homenagem em especial à assistente social Yasmin Gimenes (NEACA/SG), 26 anos, e sua mãe, Mônica de Mello, originárias da etnia Puri. Gimenes acredita que o reconhecimento e o empoderamento das mulheres indígenas são passos fundamentais para garantir a igualdade de gênero e para preservar não apenas suas culturas e tradições, mas também o meio ambiente e a biodiversidade que são essenciais para o futuro do planeta.
A data foi instituída em 1983, durante o II Encontro de Organizações e Movimentos da América, em Tihuanacu, na Bolívia. O dia foi escolhido em memória de Bartolina Sisa, mulher Quéchua que foi morta durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru, região atual da Bolívia, nos anos de 1780.
De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU)/Mulheres, órgão dedicado a promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, no mundo há uma população indígena de aproximadamente 476,6 milhões de pessoas, e dentre elas, mais da metade, o equivalente a 238,4 milhões, são mulheres.
Invisiblidade da mulher indígena na cidade

Mulheres indígenas como Yasmin e Mõnica são invisibilizadas nas cidades devido ao processo de 'apagamento cultural'
Foto: ASCOM/NEACA TR/Hítalo Chaves
Integrante do projeto NEACA Tecendo Redes, organizado pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), a assistente social Yasmin Mello Gimenes, 26 anos, é uma indígena em retomada. Ela e a mãe, Mônica de Mello, de 56 anos, foram criadas em Olaria, bairro periférico da Zona Norte do Rio de Janeiro.
De acordo com Yasmin Gimenes, para analisar o problema da invisibilidade da mulher indígena na cidade é preciso retomar algumas questões como as invasões européias no território 'pindorâmico' (palavra originada do radical 'pindorama' que, em Tupi, significa “terra das Palmeiras”, território que hoje se entende enquanto o país Brasil) e posteriormente ao trabalho forçado, de forma compulsória, juntamente com os povos vindos sequestrados da África.
"Pode-se afirmar, com isso, que toda a base societária em que hoje estamos inseridos fora forjada no projeto político de genocídio dos povos nativos para a dominação de suas terras. Ao longo de todo o processo de 'desenvolvimento' colonial do país conformado Brasil, foi realizado um trabalho de etnogenocídio (extermínio) através da desumanização e inferiorização de mulheres indígenas - e negras", explica Yasmin, que pretende retomar a pesquisa acadêmica sobre o tema.
'Muitos indígenas que nascem nas cidades não sabem suas origens'
De acordo com Yasmin Mello, a colonização foi um movimento bem sucedido no que se refere ao apagamento das identidades indígenas e suas culturas. Muitos indígenas que nascem nas cidades não sabem suas origens nem a que povo pertencem.
"Essa é uma estratégia valiosa para o Estado capitalista, uma vez que o roubo da terra originária se traduz em lucro - podemos ver como exemplo a situação do agronegócio. Na cultura indígena, todos somos um só: terra, seres humanos, animais, plantas. Nós precisamos uns dos outros para sobrevivermos; não estamos à parte na natureza, nós somos a natureza. Há uma violência contra os saberes ancestrais e, portanto, contra as mulheres indígenas vivendo em contexto urbano, já que a mulher indígena é profundamente respeitada nas culturas originárias", acrescenta Mello.
Pesquisadora integra o MMSG, que atende vítimas de violência de todas as etnias

Pesquisadora Yasmin Gimenes durante ação do Projeto NEACA Tecendo Redes em combate à violência doméstica em SG
Foto: ASCOM/NEACA TR
O projeto NEACA Tecendo Redes, que tem apoio da Petrobras, foi iniciado em 2024 e atende demandas relativas às violências domésticas. O projeto já abrangia os municípios de São Gonçalo e Itaboraí, e agora chega a Duque de Caxias com o objetivo contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos) de todas as etnias.
Em caso de ajuda, o NEACA disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:
NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).
NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)
NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)
NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246).