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Lançamento do Livro Escrevivências Periféricas - MInha Vida Importa sim!




Verificamos altos índices de violências sofridas por mulheres - mulheres mães, mulheres avós, mulheres irmãs, mulheres profissionais e cuidadoras. A violência de gênero é um importante marcador social das vulnerabilidades e riscos, tanto para as mulheres quanto para as crianças que estão sob a sua responsabilidade e cuidados. Este é um indicador que devemos combater. Enfrentar as vulnerabilidades que envolvem as mulheres é urgente indicador social para a diminuição das violências doméstica e sexual. Desta forma, o grupo reflexivo com mulheres em situação de violência de gênero se propõe a contribuir com a redução dos agravos psicológicos, emocionais e/ou físicos das mulheres atendidas através dos projetos desenvolvidos pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo, tendo como eixo norteador uma proposta de cuidado que seja gerador de autocuidados.

O autocuidado é um ato de amor e resistência diante dos desafios sociais, culturais e econômicos que subjugam a força e a capacidade das mulheres para a luta, conhecimento, superação, protagonismo e “empoderamento”. Sendo assim, os profissionais da área psicossocial do Movimento de Mulheres acolhem, de forma humanizada e ética, as mulheres e, por esta razão, conhecem as potencialidades, forças e resistências que as usuárias dos serviços apresentam para alcançarem direitos e autonomia emocional e material.

Nesta direção, o grupo reflexivo foi iniciado com mulheres, no primeiro semestre de 2021, tendo como objetivo superar o machismo, a misoginia e o racismo. Dentre as atividades realizadas destacam-se as experiências e o fortalecimento da autoestima, a autonomia econômica, independência emocional e a construção de estratégias que contribuam para a resolução de problemas diários. Desde então, já foram realizados 04 (quatro) ciclos deste projeto, onde, ao todo, já participaram 70 mulheres. A partir disso, é possível traçar o perfil das participantes e constatar a relevância desse trabalho. Dentre eles, observa-se que:

  • Aproximadamente 80% das participantes já sofreram algum tipo de violência doméstica e/ou sexual, por mais de 01 (uma) vez, e por longo período de tempo;

  • Nota-se também que 25% delas sofreram violências domésticas e/ou sexuais na infância - podendo este ser um fator de vulnerabilidade para a repetição no futuro de novas vivências de relações abusivas;

  • 30% delas fazem uso de medicamentos psiquiátricos devido às situações de violências sofridas;

  • O grupo está representado, majoritariamente, por mulheres de etnia negra (que se autodeclaram pardas e pretas);

  • As principais violências sofridas por este grupo são: Física (60%), Psicológica (60%), Sexual (44%), Moral (44%) e Patrimonial (28%).

Sendo assim, o livro intitulado “Escrevivências periféricas: Minha vida importa sim! é resultado de um processo de escrita realizado no decorrer dos encontros do Grupo Reflexivo de gênero, e foi idealizado sob a perspectiva de promoção e afirmação do “lugar de fala” das mulheres participantes, por meio da escrita. Deste modo ele representa o resultado de uma construção coletiva, que ocorreu ao longo dos dois anos de existência desse grupo, como forma de expressar e registrar em papel, as diversas histórias compartilhadas, que carregam e propagam os sentimentos, as dores, as alegrias, os gritos e os sussurros de pessoas cujas vozes são insistentemente caladas pela sociedade.

No decorrer dos encontros, foi possível observar a potência destas mulheres - em especial, por serem tão criativas e abertas à novas construções e descobertas. E assim, através da mediação, escuta sensível, compartilhamento, afetos e reflexões de temas relevantes ao cotidiano de cada mulher, foi possível perceber o fortalecimento de cada uma delas dentro do grupo. Por esta razão e por tantas outras especificidades observadas, tornou-se possível ressignificar o “estar no mundo” de cada uma delas, conquistando oportunidades e acesso aos direitos para que elas se fortalecessem ao ponto de serem protagonistas de suas histórias.

Neste sentido, a proposta de trazer no título dessa obra - o termo Escrevivência - fundamenta-se no fenômeno-conceito criado pela intelectual e escritora Conceição Evaristo. Nascida em 29 de novembro de 1946, Conceição explora em seus textos sobretudo o universo – a condição, a complexidade, a humanidade – da mulher negra. Lançando mão de um olhar sensível e familiarizado com aquilo que transforma em palavras, a autora constrói romances, contos e poemas nos quais as personagens afrodescendentes não são retratadas de maneira superficial e caricata - situação bastante comum na produção literária do país.

Segundo tal autora, Escrevivência é sobre a escrita das mulheres negras que se pretende ser autônoma na liberdade de contar as suas próprias histórias, de um sujeito que carrega consigo a história de uma coletividade, e assim se torna algo que não se esgota, pois é a produção da arte-vida (DUARTE e NUNES, 2021). Portanto, é sobre uma escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida que revelam a condição das mulheres periféricas, majoritariamente negras. E foi com base nesse conceito que iniciamos esse processo de escrita, possibilitando às mulheres atendidas garantir sua sobrevivência a partir de relatos, poemas, contos e/ou crônicas.


Uma realização do Movimento de Mulheres em São Gonçalo @movimentodemulheres_sg em parceria com a Petrobras @petrobras #petrobrassocioambiental #movimentodemulheres #tecendoredesnaprimeirainfancia

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