Administrado pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), projeto NEACA Tecendo Redes organiza a formação dos técnicos que servirão como agentes multiplicadores e ajudarão na confecção de uma cartilha educadora
Marisa Chaves (ao fundo) ladeada pelos técnicos que receberam certificados da formação na sede do MMSG (Zé Garoto)
Foto: ASCOM/NEACA TR
A equipe do projeto Neaca Tecendo Redes, com apoio da Petrobras, realizou, na terça-feira (17), a formação continuada para capacitação de técnicos no atendimento às crianças vítimas de violência doméstica e/ou sexuais. A ação ocorreu, em dois turnos, na sede do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), no Zé Garoto (SG) e contou com a participação de 18 integrantes das unidades de SG, Itaboraí e Duque de Caxias.
"Organizados pelo MMSG, os Núcleos Especiais de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica e/ou Sexual (NEACAs) contam com equipes multidisciplinares formadas por educadores sociais, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e advogados. Os técnicos são capacitados para ter uma escuta qualificada, realizarem ações em prol das garantias de direitos e na diminuição dos agravos decorrentes das violências", disse a coordenadora de projetos e gestora do MMSG, Marisa Chaves.
De acordo com uma das organizadoras da capacitação, a psicóloga e coordenadora do NEACA-SG, Cristiane Pereira, o objetivo da formação continuada é trabalhar com a base didática da antiga ‘Cartilha Tecendo Redinhas’ para preparar os técnicos no atendimento às crianças na primeira infância (3 a 6 anos) e capacitá-los na replicação da metodologia aos professores e profissionais de educação das redes municipais de ensino.
“Os técnicos que participaram da capacitação foram escolhidos pelas suas habilidades e por integrarem setores específicos no atendimento às crianças na faixa da primeira infância (3 a 6 anos). Trabalhar com vítimas de violências nessa faixa etária exige especialização e escuta qualificada. Portanto, a proposta é usar a 'Cartilha Tecendo Redinhas' como norteador dessa ação formativa, que também aludirá a preparação das oficinas lúdicas para crianças e seus familiares. Os técnicos serão preparados para multiplicarem a metodologia a profissionais das redes de ensino e também participarão da nova edição da cartilha que será distribuída nas ações educadoras”, explica Pereira.
Psicóloga Cristiane Pereira mostra a edição anterior da Cartilha Tecendo Redinhas durante a capacitação profissional
Fotos: ASCOM/NEACA TR
Desafio: trabalhar a prevenção sem falar da violência
Para a psicóloga Cristiane Pereira, o grande desafio dos profissionais é desenvolver habilidade para trabalhar a prevenção e diminuição dos agravos sem falar da violência. De acordo com a psicóloga, os técnicos precisam fortalecer as relações com a criança para criar um ambiente de confiança.
“ Precisamos desenvolver ou estimular habilidades para trabalhar com essa temática na primeira infância. O desafio é trabalhar a prevenção sem falar da violência para evitar a revitimização e o constrangimento das crianças durante os atendimentos. É importante criarmos um ambiente propício onde a criança se fortaleça, se sinta capaz de ser mais ativa, de falar e conseguir se expressar, além de mostrar a sua insatisfação diante de uma relação de violência”, reitera Pereira.
Segundo a psicóloga, os técnicos não abordarão as violências ou suas tipificações, mas temáticas alusivas às prevenções. “Abordamos o conhecimento do corpo, o toque, sentimentos, emoções, autonomia, habilidades motoras, o conhecimento dos direitos, valores humanos, o desenvolvimento de uma cultura de paz e o protagonismo infantil” acrescenta.
Marisa Chaves (E), pedagoga Érica Macêdo (C) e articuladora de redes Márcia Natalina (D) na apresentação da temática
Foto: ASCOM/NEACA TR
Atividades lúdicas e fortalecimento de vínculos
Para a psicopedagoga Érica Macêdo, que também participou da organização da formação, as atividades lúdicas e as oficinas do brincar são fundamentais para fortalecimento do vínculo com as crianças.
“A cartilha Tecendo Redinhas é de prevenção à violência doméstica e/ou sexuais e procuramos agregar o público infantil na faixa de 3 a 6 anos. Abordamos o tema de forma lúdica para fortalecemos os vínculos e criar na criança mecanismos de defesa. Essa formação para os técnicos foi importante para pensarmos a metodologia e atividades conjuntas”, ressaltou Macêdo.
Importância para garantia de direitos
Já a articuladora de redes do NEACA, Márcia Natalina, apontou a importância da capacitação para construção da cartilha. “Foi uma experiência extremamente significativa, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional. É uma honra poder contribuir para construção dessa cartilha, levando em conta, especialmente, a atuação desses profissionais no sistema de garantias de direitos e na prevenção da violência na primeira infância”, destacou Natalina.
Equipe formada por psicólogos, assistentes sociais, educadores e pedagogos realizam atividade na oficina do brincar
Foto: ASCOM/NEACA TR
Técnicos: formação continuada e novas propostas sobre a temática
Integrante do NEACA/Caxias, o pedagogo Diogo Lima enalteceu a qualidade da formação e a possibilidade de novas propostas para construção da cartilha.
“A capacitação foi importante em todos os aspectos, pois abriu novas possibilidades estéticas e informativas à cartilha, como acessibilidade para as crianças portadoras de deficiência. Além disso, trouxe para o debate pautas atuais no âmbito da inclusão social, diversidade étnico-racial e equidade de gênero”, relata Diogo.
A pedagoga Gabriella Soledade (NEACA/Itaboraí) destacou a importância da formação continuada e do cuidado com a temática.
“Enquanto profissionais da rede de garantia de direitos, queremos destacar a importância da cartilha como um instrumento fundamental para mediar a temática central que trabalhamos. Mas, para além disso, ressaltamos a sensibilidade dos organizadores de abordarem aspectos importantes no desenvolvimento infantil e em tratar as crianças como protagonistas de suas histórias”, reiterou.
Troca de saberes e aprimoramento profissional
A educadora social Pamela Rosa (NEACA/SG) enfatizou a funcionalidade da capacitação para troca de saberes e aprimoramento das ações.
“Essa troca de saberes ajuda aprimorarmos, cada vez, nossa atuação profissional, pois tudo em nossa área é dinâmico; o tempo muda, as crianças mudam, e até a forma de brincar. As crianças, nas brincadeiras, trazem questões que elas têm vivido. Portanto, essa capacitação trouxe outros olhares e experiências que acrescentaram em nossa formação”, finaliza a educadora.
Comunicação e pedagogia
Um dos organizadores da apresentação na capacitação, o analista de mídia, Lucas Ramon ressaltou os bons resultados da integração da comunicação com a pedagogia.
“Essa integração dará muito resultado, pois a informação é primordial para transformação e construção de ideias. A formação da Cartilha Tecendo Redinhas, agregando novos e antigos profissionais, foi uma ideia excelente, porque, assim, falamos a mesma linguagem, mesma metodologia, alinhando os raciocínios”, explica Lucas.
Atendimentos às vítimas em três municípios
O projeto NEACA Tecendo Redes, iniciado em 2024, com a parceria da Petrobras, atende demandas relativas às violências domésticas. O projeto já abrangia os municípios de São Gonçalo e Itaboraí, e agora chega a Duque de Caxias com o objetivo contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos).
Em caso de ajuda, o NEACA disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:
NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).
NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)
NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)
NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246).
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