Apresentada na sede do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), no Zé Garoto, peça encenada pela atriz Rita Arantes emociona a plateia ao tratar do enfrentamento ao luto e a importãncia da escuta e empatia no momento das perdas afetivas
Em cenário dividido entre flores e cruzes , atriz Rita Arantes encena monólogo que mostra os desafios das perdas afetivas
Foto: Divulgação
Com apoio da equipe técnica do projeto NEACA Tecendo Redes, o Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG) foi palco, na terça-feira (05/11), da estreia do monólogo ‘Toda Perda Importa’, encenado pela atriz Rita Arantes, com a produção de Laryssa Veiga. A peça mostra os dilemas enfrentados pelas perdas afetivas e a importância da escuta e empatia nos desafiadores momentos do luto.
O monólogo foi apresentado no auditório do MMSG, no Zé Garoto (SG), para uma plateia formada, majoritariamente, por mulheres, de diferentes idades, associadas, usuárias e participantes da instituição. Após a encenação, foi realizada uma roda de conversa, capitaneada pela atriz, com apoio de técnicos do movimento de mulheres e do Núcleo Especial de Atendimento à Criança e Adolescente Vítimas de Violência Doméstica e Sexual (NEACA), que versou sobre os desafios e enfrentamento ao luto.
Emocionada com o monólogo, a diretora executiva do MMSG, Oscarina Siqueira, ressaltou a importância da arte e cultura para mostrar realidades ofuscadas pelo sofrimento e a luta das pessoas ao lidarem com as perdas.
“É uma satisfação trazermos espetáculos como esse para nossas associadas e usuárias. Além do entretenimento, é uma oportunidade de refletirmos sobre nossas vidas, nossas perdas. A peça foi como um gatilho, pois as pessoas puderam falar sobre suas realidades e a necessidade de acolhimento, que é uma das especialidades dos projetos desenvolvidos pela nossa instituição”, ressalta a diretora.
Após o monólogo, associadas do MMSG participaram da roda de conversa e ao final posaram com a atriz (vestido preto)
Foto: ASCOM/NEACA TR
Peça inspirada em experiência vivenciada pela atriz
A peça foi inspirada em experiências reais, vivenciadas pela atriz Rita Arantes, após a perda de uma filha, com apenas 12 dias. Arantes ressaltou a importância do acolhimento, da escuta e oportunidade da fala espontânea para atenuar o sofrimento trazido pelas perdas e diferentes formas de luto. A atriz decidiu estrear o monólogo no MMSG/NEACA pela relevância do projeto e por constar em seu cronograma em edital na Lei Paulo Gustavo de apoio à cultura.
“A experiência da perda da minha filha me fez pensar sobre a produção desse monólogo. Todos nós vivenciamos as perdas, mas, muitas vezes somos silenciadas, não somos ouvidas. Falar da morte, muitas vezes, nos traz medo, mas se faz necessário. Desde quando nascemos, temos a certeza da nossa partida. Essa peça nos leva a uma reflexão sobre os desafios decorrentes do luto, quando o acolhimento e a escuta são importantes ferramentas para continuarmos vivendo”, reitera a atriz
Ao lado da atriz e integrantes da produção, diretoras do MMSG elogiaram espetáculo e a reflexão sobre o processo de luto
Foto: ASCOM/NEACA TR
‘É importante falarmos sobre o processo de luto’
Para a atriz e produtora Laryssa Veiga, a peça cumpre um papel social de levar a plateia refletir sobre o processo do luto e das lembranças positivas decorrentes das perdas.
“É muito importante essa reflexão. Aludir de forma positiva sobre as lembranças das pessoas que já se foram e como elas ainda vivem dentro da gente. Sabemos que toda perda importa, mas, acima de tudo, que em toda perda sempre ficam boas lembranças. Durante a roda de conversa, muitas mulheres conseguiram desabafar. Isso traz luz e leveza a um tema tão delicado”, destaca Veiga.
Psicóloga: ‘ falar da morte ainda é um tabu’
Integrante do Projeto Ricas do Salgueiro, organizado pelo MMSG, a psicóloga Tatiani Torres falou sobre o tabu da morte e das consequências em se tentar invalidar os sofrimentos decorrentes das perdas.
“ Percebemos que o monólogo ‘Toda perda importa’ resgatou na plateia as dores ocorridas, não somente pela morte de um ser amado, mas também provocadas pela tentativa de invalidar o sofrimento. São falas de familiares, muitas vezes, definidas por regras sociais, condutas ou até diálogo de profissionais da área da saúde que minimizam o sofrimento causado pelo luto recente. Falar da morte ainda é um tabu, pois temos dificuldade em reconhecer que vida e morte estão interligadas e fazem parte de um processo natural”, explica a psicóloga.
Atendimentos em três municípios
Organizado pelo MMSG, o Projeto NEACA Tecendo Redes, iniciado em 2024, com a parceria da Petrobras, atende demandas relativas às violências domésticas e/ou sexuais e também atua em apoio a outros projetos para capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social. O projeto já abrangia os municípios de São Gonçalo e Itaboraí, e agora chega a Duque de Caxias com o objetivo contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos).
Em caso de ajuda, o NEACA disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:
NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).
NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)
NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)
NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246).
Recria - Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)
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