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Estudantes estreiam peça sobre racismo no Complexo do Salgueiro

  • charodri
  • 26 de fev.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 26 de fev.

Com apoio do MMSG, alunos da oficina de teatro do Projeto Recria apresentaram o espetáculo ‘Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come’, no Espaco Cultural Impacto, no Conjunto da Marinha



ALunos da oficina de teatro criaram e montaram roteiro das esquetes abordando questões sobre racismo e preconceito

Foto: ASCOM/NEACA TR


Com apoio do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), crianças e adolescentes integrantes da oficina de teatro do Projeto Recria apresentaram, na segunda-feira (24/02), o espetáculo “Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come”, no Espaço Cultural Impacto, no Complexo do Salgueiro (SG).       

  

Cerca de 50 pessoas, entre familiares e convidados, prestigiaram a estreia da trupe. Dividida em duas esquetes (cenas improvisadas), a peça foi montada pelos próprios alunos do Complexo do Salgueiro. Durante um pouco mais de três meses de estudos e ensaios, o grupo elaborou a temática, com ênfase em abordagens cotidianas como racismo estrutural, discriminação social e religiosa. Os alunos se inspiraram em experiências e vivências coletivas de moradores das periferias.


A peça contou com um elenco de 13 atores e teve a direção de Aureo Muller e Julia Fernandes (respectivamente, diretor e estudante de Direção Teatral, ambos do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Responsáveis pela oficina teatral do Projeto Recria, os diretores exaltaram a criatividade e empenho do grupo na montagem das esquetes, que recriaram histórias entrelaçadas e ambientadas num percurso entre uma escola e uma igreja.


Após o sucesso da estreia, à convite da direção escolar a peça será reapresentada no próximo dia 17 de março, na Escola Municipal Marinheiro Marcílio Dias, na Estrada das Palmeiras, no Complexo do Salgueiro.  


Julia Fernandes e Aureo Muller (UFRJ) elogiaram o empenho e a entrega dos alunos nos ensaios e apresentação da peça

Fotos: ASCOM/NEACA TR


‘Foi uma experiência maravilhosa, pois aprendemos muito com eles'


Para Julia Fernandes  dar aula de teatro no Complexo do Salgueiro foi uma experiência totalmente diferente.


“Desafiante por conta das histórias e do território. Percebemos que o território mexia com o cotidiano dos alunos, dos ensaios e das aulas. Tudo era uma incerteza, mas, mesmo com as adversidades, os alunos depositaram confiança em nosso trabalho, no teatro, se empenharam e  conseguiram criar vínculos. Eles criaram o roteiro sobre a realidade deles, ou seja, é uma obra autoficcional. Foi uma experiência maravilhosa, pois aprendemos muito com eles”, disse Julia Fernandes.  

 

‘Apenas adaptamos as falas deles, o cotidiano, e o texto fluiu’


Para o diretor Aureo Muller, a adversidade e desafios do território serviram de “motores” para o desenvolvimento do grupo e inspiração para amarrar o roteiro das esquetes.    


“Todos os obstáculos serviram de motor para criação. Sim, ficávamos preocupados com os alunos quando ocorria algum problema. Contudo, trabalhar com esse grupo foi enriquecedor. Aprendemos a colocar a prática do teatro em circunstâncias adversas. Aprendemos muito com esse grupo. Apenas adaptamos as falas deles, o cotidiano, e o texto fluiu”, explica Muller, que pretende continuar realizando trabalhos teatrais inspirados em diferentes realidades sociais.

Durante a apresentação da peça, alunos da oficina teatral conseguiram expressar suas emoções e divertiram o público

Foto: Ascom/ Neaca TR


'O teatro é uma proposta para desenvolver as habilidades'


Para a coordenadora técnica do Projeto Recria, a psicopedagoga Elisabeth Lourenço, o teatro potencializa as habilidades e estimula o desenvolvimento cognitivo  dos alunos, como leitura, expressão corporal e aprendizagem.


“O teatro é uma proposta para desenvolver habilidades e o cognitivo dos alunos. Não estamos formando, somente, um futuro ator ou atriz, mas um cidadão que precisa estar preparado para novos desafios. Estão todos de parabéns, a equipe de técnicos, os diretores do espetáculo e os alunos pelo desempenho na peça. Eles se superaram”, explica Lourenço.

‘Resgatamos os sonhos e marcamos a vida dessas crianças e adolescentes’  

 

Para a gestora e coordenadora geral do MMSG, Marisa Chaves, a apresentação dos alunos da oficina de teatro superou as expectativas, pois todo o processo de aulas e ensaios foi realizado mediante as opressões sofridas pela comunidade em um território conflagrado.

“O teatro é revolucionário, pois consegue transformar vidas em locais de opressão ou em territórios conflagrados. Agradecemos à equipe do Recria, às mulheres do Vozes Periféricas e de outros projetos do MMSG pelo apoio técnico. A apresentação da peça foi construída coletivamente pelos alunos e eles entregaram tudo de forma maravilhosa. Se sentiram valorizados. Resgatamos os sonhos e marcamos a vida dessas crianças e adolescentes”, reitera Chaves.   


Gestora do MMSG Marisa Chaves (vestido laranja) se divertiu e ficou emocionada com a apresentação dos estudantes

Foto: ASCOM/NEACA TR


‘O teatro abriu o cadeado que me prendia’


“Eu tinha vergonha de fazer muita coisa em público. Mas depois do teatro comecei a ficar mais solto e liberado. Parecia um cadeado que foi aberto. Hoje consigo conversar melhor com meus amigos. Para memorizar o texto, penso nas pessoas que mais gosto. O teatro abriu o cadeado que me prendia”. (Yan Pontes, 10 anos)


 ‘Ajudou a me expressar’  


“Gosto das letras, dos livros. Mas o teatro ajudou a me expressar não só com palavras, mas com reações”. (Thaina Trindade, 13 anos)

 

‘Essa peça tem uma lição de moral’


‘Demorei um pouco a me acostumar com os textos. Mas, aos poucos, fui aprendendo a lidar com o teatro. Essa peça tem uma lição de moral que é não ser racista e entender a religião do outro’. (Benjamin do Santos, 10 anos)


‘Criamos essa peça com a nossa vivência’


“O teatro me mudou muito. Eu tinha vergonha de falar em público e passei a ter que aprender a controlar esse medo. Criamos essa peça com a nossa vivência. Ficamos mais à vontade” . (Beatriz Victória, 15 anos)


‘Me inspirei nos professores do Recria para construir minha personagem’


“O teatro foi muito bom para ajudar conhecer o trabalho das professoras. Me inspirei nos professores do Recria para construir minha personagem. Estou muito feliz por ter conquistado isso”. (Izadora da Silva, 12 anos)


‘Falamos do racismo porque nos deixa tristes’ 


“O racismo é ruim. Sou negra e já fui vítima. Nessa peça podemos passar essa mensagem. Falamos do racismo porque nos deixa tristes. Queremos o mundo sem racismo”. (Kariny Vitória, 10 anos).


‘O teatro ensinou perder a vergonha de me expressar’


“ Quando cheguei no teatro, tinha muita vergonha. Mas, com o tempo, fui  me acostumando e aprendi muito com a tia Julia e o tio Aureo. O teatro ensinou perder a vergonha de me expressar”. (Ana Vitoria , 10 nos)


Eles são protagonistas dessa história’


“Eles se dedicaram, criaram o roteiro, perderam alguns fins de semana e chegaram até aqui. Eles são protagonista dessa história. Eles mudaram o pensamento e mudaram de vida. Estão de parabéns ”. (Ana Paula de Oliveira dos Santos, educadora social) 


MMSG: projetos atendem crianças e adolescentes em três municípios  


Com apoio da Fundação para Infância e a Adolescência (FIA), o projeto Recria, que teve início em abril (2024), tem o objetivo de garantir o atendimento continuado e interdisciplinar a 100 crianças e adolescentes e, indiretamente, a 400 famílias em situação de risco social, de desemprego e pobreza. O projeto atua no contraturno escolar atende em núcleos no Centro, Complexo do Salgueiro e Jardim Catarina.


Além do Recria, o Projeto Neaca Tecendo Redes, que tem apoio da Petrobras, atende demandas relativas às violências domésticas e/ou sexuais e também atua em apoio a outros projetos para capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social. O projeto abrange os municípios de São Gonçalo, Itaboraí e Duque de Caxias com o objetivo de contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos).


Em caso de ajuda, os núcleos disponibilizam seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:


NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)

NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)

NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246).

 NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).

 Recria - Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595) 

      

 

 
 
 

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