Sobrevivente de uma tentativa de feminicídio, há cerca de 45 dias, em São Gonçalo, Graciele Siva, de 38 anos, foi acolhida pelo MMSG e se tornou símbolo da luta pelo fim da violência contra a mulher
Cuidadora de idosos Graciele Silva esteve na sede do MMSG para falar com a imprensa sobre o caso que chocou a cidade
Foto: ASCOM/NEACA TR
Neste 25 de novembro, o Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG) celebra o Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher e reitera a sua missão, há 35 anos, de enfrentar todas as formas de preconceitos e discriminações de gênero, raça/etnia, orientação sexual, credo, classe social e aspectos geracionais.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, por conta do ‘Dia Latino-americano de Não Violência Contra a Mulher’ elaborado durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho realizado em Bogotá, Colômbia, em 25 de novembro de 1981.
O dia simbólico homenageia as irmãs Pátria, Maria Tereza e Minerva Maribal, que foram violentamente torturadas e assassinadas nesta data, em 1960, por ordens de Rafael Trujillo, ditador da República Dominicana. O caso ocorreu porque as irmãs lutavam pela melhoria de vida das mulheres no país.
“Hoje, 25 de novembro, ganhamos as ruas para lutar em defesa dos nossos direitos. Não somos objetos e nem mercadoria de homem algum, somos sujeitos de direitos e temos direito a uma vida livre de violência de gênero. Lutamos por igualdade na diferença. Saudações feministas!”, disse a coordenadora e gestora do MMSG, Marisa Chaves.
Gestora Marisa Chaves ao lado de Graciele SIlva durante entrevista coletiva à imprensa na sede do MMSG, no Zé Garoto
Foto: ASCOM/NEACA TR
Sobrevivente
Em alusão ao 25 de Novembro, o MMSG recebeu, nesta segunda-feira, a visita da imprensa para uma entrevista com a coordenadora e gestora da instituição, Marisa Chaves, e a cuidadora de idosos Graciele dos Santos Silva, de 38 anos.
Acolhida pelo MMSG, Graciele, que é moradora do Complexo do Salgueiro, se tonou símbolo da luta contra a violência doméstica ao se tornar uma SOBREVIVENTE de tentativa de feminicídio. Ela foi agredida e recebeu 15 facadas, em diversas regiões do corpo, desferidas pelo ex-namorado, no último dia 11/10, dentro de um consultório dentário, em um prédio comercial em Alcântara (SG).
O autor do crime, que não aceitava o fim da relação, foi preso em flagrante e encaminhado para o presídio, onde aguarda o julgamento.
Após ficar internada durante 12 dias, sendo 9 em um Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Graciele conseguiu a reabilitação e busca reconstruir a vida e ser uma voz ativa na luta por justiça.
"Eu quero dizer para outras mulheres que elas não precisam ser submissas ou aceitar violência. Peçam socorro, falem com alguém de confiança. Não carreguem correntes que não pertencem a vocês”, disse Graciele, que teve o telefone grampeado, foi agrediada e sofreu perseguição pelo ex-namorado.
“Ela é uma sobrevivente, exemplo de luta e resiliência. Conclamamos às mulheres que, em caso de perigo e iminente caso de violência, procurem ajuda e acionem às autoridades competentes”, completa Marisa Chaves.
Graciele mostrou as marcas em seu corpo das 15 perfurações provocadas pelas facadas desferidas pelo criminoso em SG
Foto: ASCOM/NEACA TR
Uma mulher morre a cada 10 minutos vítima de parceiros ou familiares, diz relatório da ONU
Todos os dias, 140 mulheres e meninas são mortas por seus parceiros íntimos ou familiares, o equivalente a uma a cada 10 minutos. O dado representa 60% dos 85 mil assassinatos intencionais sofridos pela população feminina no ano passado, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). A estimativa faz parte do relatório “Feminicídios".
Mas de 20% das mulheres já foram ameaçadas de morte no Brasil
Duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte pelo parceiro/namorado ou ex, de acordo com pesquisa do Instituto Patrícia Galvão divulgada nesta segunda-feira (25), Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher.
A pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio", feita em parceria com o Instituto Consulting Brasil e apoio do Ministério das Mulheres, entrevistou 1.353 mulheres com mais de 18 anos entre os dias 23 e 30 de outubro.
Dentre esses 21%, 18% afirmaram que já foram ameaçadas de morte por algum parceiro, e 3% já sofreram ameaças de mais de um namorado.em 2023”, divulgado neste 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.
Atendimentos em três municípios
O MMSG atende mulheres (em todas as idades e de portas abertas) em demandas relativas às violências domésticas e/ou sexuais e também atua em apoio a outros projetos para capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Iniciado em 2024, o Projeto NEACA Tecendo Redes, com a parceria da Petrobras, abrange os municípios de São Gonçalo, Itaboraí e Duque de Caxias, com o objetivo contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos).
Em caso de ajuda, o MMSG disponibiliza seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:
NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)
NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)
NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246).
NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).
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